Sempre tive esta saudade
das coisas não vividas
que a chuva parece trazer de volta.
Saudade de onde não estive,
do que não participei,
das palavras que não disse
e dos beijos que não dei.
Sempre tive esta saudade,
de tudo que não era eu.
Sérgio Medeiros
domingo, 28 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Três trens tristes
Um trem,
dois trens,
três trens tristes,
sem trilhos pra passear.
Três trens tristes
saudosos de ir e voltar,
sempre para o mesmo lugar.
Sérgio Medeiros
dois trens,
três trens tristes,
sem trilhos pra passear.
Três trens tristes
saudosos de ir e voltar,
sempre para o mesmo lugar.
Sérgio Medeiros
domingo, 17 de outubro de 2010
O homem e o medo
Um cigarro,
na calçada,
queima lentamente.
O homem,
perto do cigarro,
não fuma,
mas tem medo.
Numa tarde,
voltando da padaria,
ao atravessar a rua,
o homem sentiu medo.
O homem sentiu medo
de seguir com o pão adiante,
de olhar os outros homens,
de beijar a sua mulher.
O medo,
antes da noite chegar,
às três e meia da tarde,
tornou-se parte daquele homem.
Um homem
que já não bate na mulher,
não leva a filha à escola,
nem corta seu próprio pão.
Um homem
que apenas se arrasta,
e é um escravo livre
do seu próprio medo.
Sérgio Medeiros
na calçada,
queima lentamente.
O homem,
perto do cigarro,
não fuma,
mas tem medo.
Numa tarde,
voltando da padaria,
ao atravessar a rua,
o homem sentiu medo.
O homem sentiu medo
de seguir com o pão adiante,
de olhar os outros homens,
de beijar a sua mulher.
O medo,
antes da noite chegar,
às três e meia da tarde,
tornou-se parte daquele homem.
Um homem
que já não bate na mulher,
não leva a filha à escola,
nem corta seu próprio pão.
Um homem
que apenas se arrasta,
e é um escravo livre
do seu próprio medo.
Sérgio Medeiros
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Cria
A mãe
criou a filha,
que virou mulher da vida
e lhe deixou um neto pra criar.
O neto,
que saiu quieto e ensimesmado,
era a companhia da avó
para a missa e os passeios de domingo.
A avó,
que andava preocupada
com o namoro do neto,
agora dorme mais tranquila.
Gracinha, a namorada,
vendo que não tinha jeito,
deixou a velha morar junto
quando eles se casarem.
Sérgio Medeiros
criou a filha,
que virou mulher da vida
e lhe deixou um neto pra criar.
O neto,
que saiu quieto e ensimesmado,
era a companhia da avó
para a missa e os passeios de domingo.
A avó,
que andava preocupada
com o namoro do neto,
agora dorme mais tranquila.
Gracinha, a namorada,
vendo que não tinha jeito,
deixou a velha morar junto
quando eles se casarem.
Sérgio Medeiros
terça-feira, 6 de julho de 2010
Onde nascem as palavras
As minhas palavras
se escondem
no começo da linha.
Quando arrisco
um verso longo,
nas últimas palavras
há um certo tremor.
Coração mole que sou,
me comovo com as palavras,
que receiam atravessar
a metade da linha.
Trago-as então
pro começo da linha,
pra onde nascem
as palavras.
Gosto de começar versos,
que talvez sejam
o começo de mim mesmo.
Sérgio Medeiros
se escondem
no começo da linha.
Quando arrisco
um verso longo,
nas últimas palavras
há um certo tremor.
Coração mole que sou,
me comovo com as palavras,
que receiam atravessar
a metade da linha.
Trago-as então
pro começo da linha,
pra onde nascem
as palavras.
Gosto de começar versos,
que talvez sejam
o começo de mim mesmo.
Sérgio Medeiros
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Passarinho Triste
Fale baixinho
e fique perto de mim,
me dando leves abraços,
dizendo coisas comuns,
do tempo, do seu cabelo preto.
Não se canse do
meu silêncio,
e aceite os
gestos que não faço.
Você me olha e sorri:
sou um passarinho triste
que não sabe cantar.
Sérgio Medeiros
e fique perto de mim,
me dando leves abraços,
dizendo coisas comuns,
do tempo, do seu cabelo preto.
Não se canse do
meu silêncio,
e aceite os
gestos que não faço.
Você me olha e sorri:
sou um passarinho triste
que não sabe cantar.
Sérgio Medeiros
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Falta açúcar na TV
Falta açúcar na TV
e um pouco de você.
Falta mola no colchão,
farinha pra fazer pão
e fôlego pra encher balão.
Falta noite no meu dia,
uma brisa ou ventania
e um pouco de companhia.
Falta amarelo no sol,
uma mancha no lençol,
um navio para o farol.
Falta a mariposa virar borboleta.
Falta uma música e um par.
Falta alguém para dançar
um solo de clarineta.
Sérgio Medeiros
e um pouco de você.
Falta mola no colchão,
farinha pra fazer pão
e fôlego pra encher balão.
Falta noite no meu dia,
uma brisa ou ventania
e um pouco de companhia.
Falta amarelo no sol,
uma mancha no lençol,
um navio para o farol.
Falta a mariposa virar borboleta.
Falta uma música e um par.
Falta alguém para dançar
um solo de clarineta.
Sérgio Medeiros
terça-feira, 20 de abril de 2010
Prosa poética
Uma prosa poética, por Evelim Amorim:
http://anxiousmind.blogspot.com/2010/04/prosa-poetica.html
http://anxiousmind.blogspot.com/2010/04/prosa-poetica.html
quarta-feira, 7 de abril de 2010
A chuva e a sopa de cebola
É terrível
quando chove
e não se pode ir ao mercado
comprar cebolas.
A chuva,
que escorre do céu
e descansa sobre os bueiros entupidos,
molhou os sapatos dos homens,
cancelou passeios de bicicleta
e criou pequenas ilhas e córregos.
A chuva,
agora quase garoa,
fechou as portas das lojas,
cessou o movimento dos carros
e me impediu de ir ao mercado.
A minha sopa,
inicialmente de cebola,
será mesmo de batata.
Sérgio Medeiros
quando chove
e não se pode ir ao mercado
comprar cebolas.
A chuva,
que escorre do céu
e descansa sobre os bueiros entupidos,
molhou os sapatos dos homens,
cancelou passeios de bicicleta
e criou pequenas ilhas e córregos.
A chuva,
agora quase garoa,
fechou as portas das lojas,
cessou o movimento dos carros
e me impediu de ir ao mercado.
A minha sopa,
inicialmente de cebola,
será mesmo de batata.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 31 de março de 2010
Vizinha nova
Chegou uma vizinha nova,
que é o assunto nas calçadas.
Essa não vai ser como a Zezé,
que fez jogo duro quando mudou.
Até o Osvaldo confessar
que comia a neguinha
nos fundos da mercearia,
ninguém tinha muita esperança.
Mas a Zezé, durona,
só queria dar pra ele.
Acabou indo embora
quando o Osvaldo enjoou dela.
Com essa nova,
vai ser diferente!
Ela é até melhor que a Zezé...
Uma boa bunda e uns bons dentes.
Sérgio Medeiros
que é o assunto nas calçadas.
Essa não vai ser como a Zezé,
que fez jogo duro quando mudou.
Até o Osvaldo confessar
que comia a neguinha
nos fundos da mercearia,
ninguém tinha muita esperança.
Mas a Zezé, durona,
só queria dar pra ele.
Acabou indo embora
quando o Osvaldo enjoou dela.
Com essa nova,
vai ser diferente!
Ela é até melhor que a Zezé...
Uma boa bunda e uns bons dentes.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 24 de março de 2010
Na vila dos homens
Morei, há alguns anos,
na vila dos homens,
e não gostei de ficar lá.
Agora, que quero voltar,
talvez não haja lugar.
Disseram-me que à noite,
e às vezes no chá da tarde,
posso ir visitá-los.
Então calço sapatos novos,
visto as suas roupas
e danço as suas danças.
Depois, devo me retirar.
Na vila dos homens,
nem sempre há lugar
para um estranho ficar.
Sérgio Medeiros
na vila dos homens,
e não gostei de ficar lá.
Agora, que quero voltar,
talvez não haja lugar.
Disseram-me que à noite,
e às vezes no chá da tarde,
posso ir visitá-los.
Então calço sapatos novos,
visto as suas roupas
e danço as suas danças.
Depois, devo me retirar.
Na vila dos homens,
nem sempre há lugar
para um estranho ficar.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 17 de março de 2010
Pequena explicação sobre escrever
Uma vez estava conversando com a minha amiga Natalia e ela me perguntou como comecei a escrever poesia. Respondi que quando ficava entediado tinha vontade de escrever. Ela então me disse:
- Se sentia vontade de escrever, então é porque você já era um escritor, eu nunca teria feito isso.
Fiquei um tempo pensando no que ela me disse, pois antes achava que todos sentissem essa vontade de rabiscar algo.
Pouco depois, ao ver um homem morrer na rua, senti esse desejo novamente.
O homem que andava pela rua
Quando o homem
que andava pela rua
caiu e morreu,
não lhe dei a mão.
Não o abracei,
não rezei por ele,
nem tentei, inultilmente, ajudá-lo.
Quando o homem
caiu e morreu,
passei apressado ao seu lado
e numa pequena banca
comprei um lápis.
Com o lápis,
escrevi este poema.
Um poema
que não fala de heróis,
de poetas audazes,
ou de nobres ideais.
Mas lembra o meu companheiro,
desconhecido,
que caminhava pela rua
e está morto no chão.
Sérgio Medeiros
- Se sentia vontade de escrever, então é porque você já era um escritor, eu nunca teria feito isso.
Fiquei um tempo pensando no que ela me disse, pois antes achava que todos sentissem essa vontade de rabiscar algo.
Pouco depois, ao ver um homem morrer na rua, senti esse desejo novamente.
O homem que andava pela rua
Quando o homem
que andava pela rua
caiu e morreu,
não lhe dei a mão.
Não o abracei,
não rezei por ele,
nem tentei, inultilmente, ajudá-lo.
Quando o homem
caiu e morreu,
passei apressado ao seu lado
e numa pequena banca
comprei um lápis.
Com o lápis,
escrevi este poema.
Um poema
que não fala de heróis,
de poetas audazes,
ou de nobres ideais.
Mas lembra o meu companheiro,
desconhecido,
que caminhava pela rua
e está morto no chão.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 10 de março de 2010
Poema do não saber
Não sei se bebo,
se te escrevo,
ou leio um livro
e me adormeço.
Não sei se logo
a chuva cai,
ou se essa nuvem
só se distrai.
Não sei se volto
durante o inverno,
ou se outro tempo
é o tempo certo.
Não sei se pinto
o seu nariz,
ou se cubro teus lábios
com as cores do meu giz.
Sérgio Medeiros
se te escrevo,
ou leio um livro
e me adormeço.
Não sei se logo
a chuva cai,
ou se essa nuvem
só se distrai.
Não sei se volto
durante o inverno,
ou se outro tempo
é o tempo certo.
Não sei se pinto
o seu nariz,
ou se cubro teus lábios
com as cores do meu giz.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 3 de março de 2010
Nesses dias de abril
Nesses dias
de abril
em que faz frio
e os homens
guardam-se em casa,
é difícil
arrumar abrigo.
É difícil
arrumar amigo,
mulher
e qualquer pessoa
pra se distrair.
Nesses dias
de abril
em que os homens
guardam-se em casa,
é difícil não ler livros
e não fazer versos.
Nesses dias,
de abril,
é difícil não beber,
não sentir a cabeça explodir
e não acordar desanimado.
Nesses dias
de abril,
anda difícil viver.
Sérgio Medeiros
de abril
em que faz frio
e os homens
guardam-se em casa,
é difícil
arrumar abrigo.
É difícil
arrumar amigo,
mulher
e qualquer pessoa
pra se distrair.
Nesses dias
de abril
em que os homens
guardam-se em casa,
é difícil não ler livros
e não fazer versos.
Nesses dias,
de abril,
é difícil não beber,
não sentir a cabeça explodir
e não acordar desanimado.
Nesses dias
de abril,
anda difícil viver.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Uma mão procura a outra
Uma mão,
procura a outra
para atravessar a rua.
A outra,
não procura,
e se esconde.
Os corpos,
quem sabe, livres,
quem sabe, solitários,
atravessam,
já um pouco distantes,
a rua.
Sérgio Medeiros
procura a outra
para atravessar a rua.
A outra,
não procura,
e se esconde.
Os corpos,
quem sabe, livres,
quem sabe, solitários,
atravessam,
já um pouco distantes,
a rua.
Sérgio Medeiros
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Uma partida pela saudade de voltar
Eu quero seguir
para uma pedra alta,
uma praia sem ondas,
uma floresta de árvores silenciosas.
Eu quero fugir
para longe dos passos
e desses dias
onde tudo é só cansaço.
Eu quero me unir
ao desejo,
quase satisfeito,
que dorme para não arrefecer.
Eu quero ir
e deixar a mesa posta,
pois se parto
é pela saudade de voltar.
Sérgio Medeiros
para uma pedra alta,
uma praia sem ondas,
uma floresta de árvores silenciosas.
Eu quero fugir
para longe dos passos
e desses dias
onde tudo é só cansaço.
Eu quero me unir
ao desejo,
quase satisfeito,
que dorme para não arrefecer.
Eu quero ir
e deixar a mesa posta,
pois se parto
é pela saudade de voltar.
Sérgio Medeiros
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Muito pouco pra se dividir
A mãe não sabe,
mas apareceu um moço,
querendo aparentar bons modos,
perguntando por ela.
Disse que eram amigos
do tempo em que a mãe
morava em outra vizinhança.
A menina,
filha única,
que morava só com a mãe
e nunca via direito o pai,
preferiu não contar
da visita que aparecera.
Já com tão pouco,
pensou ela,
e ainda ter que dividir
com gente estranha.
Pousou então os olhos na mãe,
satisfeita de tê-la só para si.
Sérgio Medeiros
mas apareceu um moço,
querendo aparentar bons modos,
perguntando por ela.
Disse que eram amigos
do tempo em que a mãe
morava em outra vizinhança.
A menina,
filha única,
que morava só com a mãe
e nunca via direito o pai,
preferiu não contar
da visita que aparecera.
Já com tão pouco,
pensou ela,
e ainda ter que dividir
com gente estranha.
Pousou então os olhos na mãe,
satisfeita de tê-la só para si.
Sérgio Medeiros
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Sobre o que às vezes fica do amor
Às vezes do amor
fica só a conveniência
e umas tantas relações
já bem estabelecidas.
Fica uma sogra pra visitar,
um amante para gozar
e muito pouco
do que levou até ali.
Às vezes fica só
um filho pra se criar,
uma casa para dividir
e algumas panelas velhas.
Ficam retratos coloridos
lembrando de alguém
que foi tão próximo
e hoje é quase estranho.
Sérgio Medeiros
fica só a conveniência
e umas tantas relações
já bem estabelecidas.
Fica uma sogra pra visitar,
um amante para gozar
e muito pouco
do que levou até ali.
Às vezes fica só
um filho pra se criar,
uma casa para dividir
e algumas panelas velhas.
Ficam retratos coloridos
lembrando de alguém
que foi tão próximo
e hoje é quase estranho.
Sérgio Medeiros
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Pintando você de azul
Pintando você de azul
Foi de azul que te colori
em toda tarde que te vi.
E de azul também te pintei
naqueles dias chuvosos,
em que fugíamos da chuva
com passos precipitados.
Mas o amor,
não seguia apressado.
O amor,
andava a passos lentos,
da mesma cor
de um passeio de mãos dadas.
Tão bom
que nem se lembrava
aonde queria chegar.
Sérgio Medeiros
Foi de azul que te colori
em toda tarde que te vi.
E de azul também te pintei
naqueles dias chuvosos,
em que fugíamos da chuva
com passos precipitados.
Mas o amor,
não seguia apressado.
O amor,
andava a passos lentos,
da mesma cor
de um passeio de mãos dadas.
Tão bom
que nem se lembrava
aonde queria chegar.
Sérgio Medeiros
Lançamento do livro em Natal
Não foi só no Rio de Janeiro que houve lançamento do livro.
Em meados de dezembro passado Um Lugar Azul também foi lançado em Natal.
Segue, com algum atraso, um link para as fotos:
http://picasaweb.google.com.br/sqmedeiros/LancamentoUmLugarAzulNaPotyLivrosEmNatal#
Em meados de dezembro passado Um Lugar Azul também foi lançado em Natal.
Segue, com algum atraso, um link para as fotos:
http://picasaweb.google.com.br/sqmedeiros/LancamentoUmLugarAzulNaPotyLivrosEmNatal#
Marcadores:
fotos,
lançamento,
natal,
poesia,
poty livros,
um lugar azul
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Cores para se colorir
As coisas possuem cores que
nem sempre imaginamos.
De tanto colorir
De tanto
colorir o mar
em encartes de desenho
ele quis virar marinheiro.
O mar,
que pintava sempre de azul,
ele viu que podia ser,
às vezes, verde também.
Tivesse descoberto isso
nos seus anos de escola
quantos lápis azuis
não teria ele poupado...
Mas e o que seria
da sua amiga Ritinha,
que sempre pintava de verde
os sapos das suas princesas?
Sérgio Medeiros
nem sempre imaginamos.
De tanto colorir
De tanto
colorir o mar
em encartes de desenho
ele quis virar marinheiro.
O mar,
que pintava sempre de azul,
ele viu que podia ser,
às vezes, verde também.
Tivesse descoberto isso
nos seus anos de escola
quantos lápis azuis
não teria ele poupado...
Mas e o que seria
da sua amiga Ritinha,
que sempre pintava de verde
os sapos das suas princesas?
Sérgio Medeiros
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Mais um dia na estrada
Mais um dia na estrada,
oito meses sem te ver.
Páro num bar pra comer
e ouvir as notícias do rádio.
A cerveja é barata
e as putas também.
Entre um gole e outro
eu tento lembrar você.
Mas é tanta bunda, tanto puta
e eu tão fraco pra bebida...
Fico logo achando que mereço
ter um pouco de mulher.
Tento me segurar,
mas tanta bunda, tanta puta,
oito meses sem você,
e é inútil resistir.
Agora é tocar a vida
e pensar que você já vem.
Deixo até escapar uns dentes
de homem satisfeito.
Será que uma putinha dessas,
de vez em quando, não faz bem?
Sérgio Medeiros
oito meses sem te ver.
Páro num bar pra comer
e ouvir as notícias do rádio.
A cerveja é barata
e as putas também.
Entre um gole e outro
eu tento lembrar você.
Mas é tanta bunda, tanto puta
e eu tão fraco pra bebida...
Fico logo achando que mereço
ter um pouco de mulher.
Tento me segurar,
mas tanta bunda, tanta puta,
oito meses sem você,
e é inútil resistir.
Agora é tocar a vida
e pensar que você já vem.
Deixo até escapar uns dentes
de homem satisfeito.
Será que uma putinha dessas,
de vez em quando, não faz bem?
Sérgio Medeiros
Marcadores:
bunda,
estrada,
oito meses,
poesia,
puta
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
A breve história de um passarinho
É sempre difícil começar algo, como também
é difícil não se repetir.
Estou falando de poesia, mas acho que vale
para um novo ano também.
O passarinho e a moça sem jeito
Um pequeno pássaro
estava caído na calçada.
Tão pequeno que era,
não sabia ainda voar.
A moça solteira
foi até o passarinho
fazer um carinho sem jeito.
O passarinho, coitado,
não sabia voar,
deu pequenos passos
para se afastar.
A moça, sem jeito,
deu passos maiores
e alcançou o passarinho.
O passarinho fez então
o seu primeiro, curto, vôo:
da calçada, para o asfalto.
Breve, passa um carro.
As penas colam-se ao chão escuro,
agora também um pouco rubro.
Sérgio Medeiros
é difícil não se repetir.
Estou falando de poesia, mas acho que vale
para um novo ano também.
O passarinho e a moça sem jeito
Um pequeno pássaro
estava caído na calçada.
Tão pequeno que era,
não sabia ainda voar.
A moça solteira
foi até o passarinho
fazer um carinho sem jeito.
O passarinho, coitado,
não sabia voar,
deu pequenos passos
para se afastar.
A moça, sem jeito,
deu passos maiores
e alcançou o passarinho.
O passarinho fez então
o seu primeiro, curto, vôo:
da calçada, para o asfalto.
Breve, passa um carro.
As penas colam-se ao chão escuro,
agora também um pouco rubro.
Sérgio Medeiros
Assinar:
Postagens (Atom)