quarta-feira, 27 de abril de 2011

As tardes de sábado em que chovia

Nas tardes de sábado
em que chovia,
não podia jogar bola.

Ficava brincando em casa,
sentado no chão frio,
e logo me acostumava.

Passavam comédias na TV
e minha mãe
fazia bolinhos de chuva.

Não lia livros,
mas a vida
era mais fácil de suportar
naquelas tardes de sábado
em que chovia.

Sérgio Queiroz de Medeiros

terça-feira, 19 de abril de 2011

Rotina

Eu como pão,
escovo os dentes
e tomo leite.

Eu tomo pão,
escovo os dentes
e como leite.

Eu escovo o pão,
eu como os dentes
e tomo leite.

Eu leite o pão,
eu escovo os comos
e tomo os dentes.

Pão eu leite,
como eu escovo
e dentes tomo.

Sérgio Queiroz de Medeiros

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Partir

Nem sempre
se quer viajar.
Às vezes
se quer apenas partir.

Seguir para onde
as pessoas
dançam outras danças,
embora (quase) se amem
da mesma maneira.

Fugir para um lugar onde
não há guerras para guerrear,
não se exigem ondas do mar,
nem poetas que saibam rimar.

Embarco pra esse lugar
em dias de um cinza claro
em que ando cansado de mim
e desejo apenas partir.

Sérgio Queiroz de Medeiros

domingo, 3 de abril de 2011

Minhas calças molhadas

As minhas calças molhadas
não querem secar em um varal
no chão de um apartamento.

Elas querem um varal no quintal
e o vento para as balançar.

Querem espiar a vizinha
e ver o sorveteiro passar.

As minhas calças, molhadas,
sabem que vão secar,
mas querem se balançar.

Sérgio Queiroz de Medeiros