domingo, 29 de março de 2009

Sobre grandes e pequenas

A maioria das minhas poesias, cabe muito bem em uma página de caderno. Fazer algo com mais de 1 página é quase impensável para mim. Esta é a poesia que rendeu mais linhas, deu mais de 1 página até no computador!!!


Noite de Vendas

A menina
morena e pobre
sai à noite
junto com a mãe.

Andando pelas calçadas
por onde anda gente bonita,
elas tentam timidamente
vender alguma coisa.

Mas, pobres mulheres,
sua mercadoria
não desperta
interesse
na gente bonita,
produzida, que passa.

Entre negativas,
a mãe matuta um pouco...

E recebe da brisa,
além de um
possível resfriado,
um pouco de ternura.

Sua filha,
que brilho ela tinha...
E nunca que
havia reparado.

E tão frágil ali,
talvez já com sono,
e tão tímida
para conseguir vender algo.

Quantos mimos
podia ela oferecer
àquele serzinho
moreno?

A mulher não
contém os soluços,
não contém as lembranças,
nem os seus olhos
contêm as lágrimas,

que começam a
cair agora,
como uma
chuva grossa,
de pingos gordos.

Segue um abraço,
que a filha,
não entende.
A noite continua,
e a caça às moedas
também.

Sérgio

domingo, 22 de março de 2009

Sorvete

Pavê é meu sabor de sorvete preferido.


Para Não Gostar de Você

Para não gostar de você,
mudei as cores da parede
e os sabores de sorvete.

Depois, troquei os passos
que costumava andar aos sábados.

Fugi para o horizonte,
que parecia ser bem longe,
sem os seus livros na estante.

Dei voltas no mesmo lugar,
não dormi e fui pro bar.
É assim que tenho feito
para não gostar de você.

Sérgio Medeiros

quinta-feira, 12 de março de 2009

Às vezes é difícil

Ah, tem tanta poesia promissora que morre no começo do segundo verso.

Difícil Poesia

Às vezes,
como é difícil
fazer poesia.

De tantas palavras
nenhuma parece boa,
de tantas frases,
nenhuma parece um verso.

De tantas histórias,
alguma lembra poesia,
mas ninguém parece
saber contá-la.

Sérgio Medeiros

quinta-feira, 5 de março de 2009

O Guarda

Quando eu passo e olho os guardas da rua, quase sempre eles estão com um ar de monotonia (se é à noite eles estão dormindo :-)), sentados na cadeira, esperando alguma coisa acontecer. Em uma rua calma, o guarda só espera o tempo passar.


Para aquele guarda

Para aquele guarda
que toma conta da rua,
o tempo passa
como alguém que quer ficar.

As casas,
quase todas de muro alto,
não permitem adivinhar
o que se passa ali dentro,
onde a vida, pensa o guarda,
deve ser tão boa.

Afinal, pensar,
mesmo que em nada,
é o que mais se faz,
além de olhar a rua mansa.

Um carro passa
e arrasta consigo
um pouco da monotonia.

Nosso guarda se espreguiça
e mira o relógio
com um fingido interesse,
sem prestar atenção nos ponteiros.
O que ele deseja
não tem hora pra acontecer.
Mas o guarda,
espera e torce:
ah, se Rosa aparecesse…

Sérgio Medeiros