quinta-feira, 5 de março de 2009

O Guarda

Quando eu passo e olho os guardas da rua, quase sempre eles estão com um ar de monotonia (se é à noite eles estão dormindo :-)), sentados na cadeira, esperando alguma coisa acontecer. Em uma rua calma, o guarda só espera o tempo passar.


Para aquele guarda

Para aquele guarda
que toma conta da rua,
o tempo passa
como alguém que quer ficar.

As casas,
quase todas de muro alto,
não permitem adivinhar
o que se passa ali dentro,
onde a vida, pensa o guarda,
deve ser tão boa.

Afinal, pensar,
mesmo que em nada,
é o que mais se faz,
além de olhar a rua mansa.

Um carro passa
e arrasta consigo
um pouco da monotonia.

Nosso guarda se espreguiça
e mira o relógio
com um fingido interesse,
sem prestar atenção nos ponteiros.
O que ele deseja
não tem hora pra acontecer.
Mas o guarda,
espera e torce:
ah, se Rosa aparecesse…

Sérgio Medeiros