domingo, 30 de novembro de 2008

A Vendedora

Esse já é um poema bem mais novo. Eu acho que ele retrata bem o comentário de um amigo, que falou que alguns dos meus poemas eram como "historinhas"

A Vendedora

A hora corre depressa.
Os ponteiros estão quase lá,
a marcar o começo de algo.

Nos passos apressados,
sobra pouco tempo
que é gasto desviando-se.
São tantos vendedores
mas vendem todos
a mesma coisa: "Água,
cerveja! Guaraná! Mate!"

E é na voz, ou no grito,
que se faz a diferença.
Os vendedores são jovens
e a disputa é acirrada.

Entre eles, já não tão nova,
também há uma vendedora.
Não fala, não grita,
nem parece ter pressa.

Só olha um a um os transeuntes,
que passam e passam.
Ela então ameaça um gesto mais brusco...
Que nada! Era só uma mecha de cabelo,
que ela foi arrumar.
As pessoas, nem reparam,
e continuam com pressa,
a passar.

Sérgio Medeiros

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