Um dia,
quando já não lembrava de mim,
fiz um poema pra minha avó.
Minha avó nunca leu o poema,
não conhecia as letras.
A vida não estava nos livros,
nem nos planos econômicos.
Quando faltou dinheiro
pra completar a feira,
minha avó foi ao quarto e trouxe
notas cheias de zeros
e com nenhum valor.
A vida era fazer doces,
cuidar das galinhas
e costurar uma roupa nova
para o liquidificador.
A vida, no fim,
era um desejo
de voltar pra casa do pai.
Hoje ela voltou.
Sérgio Q Medeiros
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