terça-feira, 4 de junho de 2013

25 de março

Um dia,
quando já não lembrava de mim,
fiz um poema pra minha avó.

Minha avó nunca leu o poema,
não conhecia as letras.

A vida não estava nos livros,
nem nos planos econômicos.

Quando faltou dinheiro
pra completar a feira,
minha avó foi ao quarto e trouxe
notas cheias de zeros
e com nenhum valor.

A vida era fazer doces,
cuidar das galinhas
e costurar uma roupa nova
para o liquidificador.

A vida, no fim,
era um desejo
de voltar pra casa do pai.

Hoje ela voltou.

Sérgio Q Medeiros

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